O uso do crack pode prejudicar as habilidades cognitivas (inteligência) envolvidas especialmente com a função executiva e com a atenção. Este comprometimento altera a capacidade de solução de problemas, a flexibilidade mental e a velocidade de processamento de informações.
A literatura científica sobre os efeitos neurológicos e psicológicos do crack demonstra que a droga pode causar danos às funções mentais, com prejuízos à memória, atenção e concentração. Segundo o pesquisador Felix Kessler, do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é muito comum o desenvolvimento e agravamento da impulsividade, o que leva os indivíduos a fazerem escolhas mais imediatistas, sem avaliar as consequências para o futuro. “Em muitos casos, dependendo da predisposição genética, os indivíduos desenvolvem sintomas psiquiátricos, psicóticos e ansiosos, como depressão, delírios e ataques de pânico”, diz o especialista.
O psiquiatra afirma, ainda, que o uso da droga pode provocar transtorno bipolar, resultado do mecanismo de rápida e intensa euforia, logo após o uso da droga, que logo é substituída pela depressão, quando o usuário está em abstinência. “Os danos causados tendem a persistir por meses e até anos depois que o individuo deixou a droga. Já os sintomas psiquiátricos podem desaparecer com mais facilidade, exceto para os indivíduos que tenham predisposição para esse tipo de doença.”
‘O crack é uma das formas de uso de cocaína. A grande diferença é que o efeito químico da droga é muito rápido.
Tem indivíduos que levam mais tempo para se tornarem dependentes, e tem indivíduos que ficam dependentes muito rapidamente do crack. O crack é considerado uma droga com potencial dependógino muito alto. O que é dependente? Quer dizer, aumenta o nº de pedras, quer dizer o que a gente chama de tolerância, pode ter sintomas de abstinência, ou seja, quando faltam ás pedras, ele vai ter uma premência, uma vontade maior de ir em busca dessas pedras, dessa substância.
A cocaína então age principalmente nos neurônios chamados dopaminérgicos, que liberam esse neurotransmissor conhecido, que é a química do cérebro, chamado de dopamina. Então ás pessoas, quando tem uma maior liberação de dopamina, se sentem mais agitadas, a atenção pode ficar mais focada, muitas vezes pode levar a agressividade, uma certa euforia e alguns descrevem como a sensação de prazer também. No caso o crack, em função da quantidade de pedras e substâncias químicas que entram no organismo, o individuo muitas vezes fica mais agitado ainda. A grande diferença é que o efeito químico da droga é muito rápido, ao contrário da cocaína inalada em pó que dura em torno de 30 à 40 minutos, o crack dura 5 à 10 minutos. Então a velocidade de entrada é muito rápida, o efeito é muito intenso, porém mais efêmero, mais rápido.
Bom, em termos de danos cerebrais, o crack, ele se liga então à esses receptores dos neurônios e podem trazer alguns tipos de danos à esses neurônios. Mas a tendência é de ocorrer uma certa atrofia, tornando algumas regiões do cérebro menos funcionantes. Então regiões vinculadas à memória, à atenção, à capacidade Visio-espacial, Visio-motora, então o individuo pode ter consequências na vida diária em função desses danos que estão ocorrendo no cérebro e outros danos comportamentais. A medida que essas regiões começam a funcionar pior, ele vai tender a ter menos motivação para tarefas que exigem maior esforço mental, como leitura, como trabalhos intelectuais, ele vai ter mais dificuldades de iniciar tarefas complexas, ele vai ter maios impulsividade, significa o que? Que ele vai ter uma tendência a escolher, às vezes, mais rapidamente, e sem avaliar as consequências a longo prazo. Em fim, vai ter uma série de prejuízos familiares, sociais, profissionais, associados à essa substância.’